Como a tecnologia inteligente está transformando o mundo da indústria
19 de setembro de 2019Embraer fecha negócio de US$1,4 bilhão com a Flexjet, primeiro cliente frotista dos jatos executivos Praetor
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Nem tanto pelo caminhão propriamente dito: externamente, ele se parece com tantos outros modelos de caminhão leve, com design mais ou menos convencional, e não transmite muito arrojo tecnológico para quem o vê de fora, nem furor estradeiro.
O que atraía os olhares dos visitantes era o anúncio de que o e-Delivery vai ser colocado em linha de produção no Brasil. Será o primeiro caminhão elétrico a ser fabricado em série no país – os poucos modelos que circulam hoje, são importados.
Assim como os (poucos) carros elétricos que circulam no Brasil. No final das contas, será no segmento de caminhões que a indústria automotiva brasileira entrará no circuito de produção de veículos puramente elétricos – quase todo mundo apostava que seria na área de automóveis ou e-ônibus. Pelo visto, estes ficarão para depois.
A Volkswagen já tem até data para as primeiras entregas do caminhão, que será produzido – em mais de uma versão – já a partir do ano que vem na fábrica da montadora em Resende (RJ): elas acontecerão no segundo semestre de 2020.
“O primeiro cliente será a cervejaria Ambev, que deverá adquirir 1.600 unidades. Mas várias empresas também já se mostraram interessadas”. (Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões do Brasil)
Elétrico sueco – Mas a Volkswagen não ficará sozinha por muito tempo na produção de caminhões elétricos. A Volvo, montadora sueca, também anunciou, na própria Fenatran, que avalia produzir um caminhão elétrico no Brasil. Deverá ser o modelo FL, e talvez também o FE, que começaram a ser vendidos este ano na Europa.
“O produto será o mesmo da Europa, mas com desenvolvimento local para atender particularidades do mercado brasileiro”. (Martin Lundstedt, presidente mundial do Grupo Volvo, que esteve na Fenatran)
É quase certo que outras montadoras de caminhões seguirão os mesmos passos na direção da propulsão elétrica. O mercado brasileiro de caminhões está em pleno processo de retomada de vendas. De janeiro a setembro deste ano, ele cresceu 40% diante de igual período de 2018, para 74,2 mil unidades.
E há espaço para crescer muito mais, no bojo da possível recuperação da economia a partir do ano que vem. A frota brasileira de caminhões envelheceu nos últimos anos, por falta de investimentos das empresas e de linhas de crédito mais atraentes, tanto para elas como para os milhões de motoristas autônomos do país.
A idade média da frota brasileira está hoje em 11,4 anos, a mais alta desde 2007. Mas as discussões entre governo, empresários e trabalhadores para mudar a situação – e que se arrastam faz um bom par de anos – deve finalmente deslanchar, e chegar a algum consenso que satisfaça a todos.
Afinal, será preciso que o setor de transportes também acompanhe o provável aumento da demanda por caminhões – de todos os portes e características operacionais, para os mais diferentes nichos – tanto dos agentes econômicos como das diversas áreas de infraestrutura, daqui para frente. Para a alegria das montadoras.
Concorrência – E um novo nicho que poderá se abrir no Brasil será o dos caminhões elétricos – como já vem acontecendo no resto do mundo. Obviamente, será um mercado que começará pequeno. Mas é certo que, por algum tempo ainda, Volkswagen e Volvo deverão trabalhar sem concorrência, que deverá ser limitada inclusive entre as duas.
De fato, os veículos da Volkswagen que serão produzidos em Resende serão do tipo leve, de até 13 toneladas. A versão FL da Volvo apenas encosta nesta categoria – tem capacidade para 16 t de carga – mas a versão FE já é semipesada, para até 27 toneladas. Os três caminhões prestam-se, por assim dizer, a usos diferentes.
A Volvo, sem dúvida, está diversificando mais o seu portfólio que a Volkswagen ao aderir aos caminhões elétricos do tipo leve a semipesado. A companhia sempre se restringiu no Brasil aos segmentos semipesado e pesado, nos quais a Volvo cresceu 55%, para 11,6 mil unidades, de janeiro a setembro de 2019. O Brasil é o seu segundo maior mercado depois dos EUA. Ali, ela vendeu 30 mil caminhões no mesmo período.
Nova geração – O início da produção de caminhões elétricos no Brasil não deixa de ser paradoxal em um aspecto: embora com uma frota de idade muito alta – o que pressupõe o emprego disseminado de tecnologias já obsoletas – o país já vai se enfileirar entre os mais avançados do mundo nos tipos de tecnologia empregada.
Os caminhões elétricos – caracterizados por seus motores alimentados apenas pela eletricidade fornecida por baterias – são, juntamente com os caminhões autônomos e semiautônomos (independentemente do modo de propulsão), o que há de mais moderno nesta modalidade de transporte.
Eles foram se impondo aos poucos, através dos modelos híbridos, que combinam eletricidade e combustão e são ainda os mais comuns, assim como no setor de ônibus. Mas as versões elétricas “puro sangue” de caminhões, contemporâneas dos celulares e notebooks, com suas baterias recarregáveis, já começam a se multiplicar nas ruas e estradas de várias partes do planeta.
Assim como os carros, bem mais disseminados, os caminhões elétricos saem das fábricas acompanhados de uma estação de carregamento, que basta conectar a uma tomada e o veículo é carregado. E a cada novo modelo a autonomia deles é maior.
É um caminhão que traz inúmeras vantagens, além da economia com combustível e os danos ambientais quase nulos. Como se trata de um veículo em que o motor não é a combustão, ou seja, não promove explosões, os caminhões elétricos, assim como os carros, são absolutamente silenciosos.
Competição acirrada – Na Europa, Estados Unidos e Japão, a luta das montadoras pelo mercado de caminhões elétricos já está até ficando acirrada, por conta do maior desenvolvimento econômico e tecnológico dos países e regiões envolvidos.
A montadora americana Tesla, que vem desenvolvendo faz algum tempo veículos elétricos e autônomos, apresentou, por exemplo, um novo caminhão elétrico, o Tesla Semi, que está dando o que falar no mercado do segmento.
O modelo tem uma autonomia de nada menos do que 800 quilômetros. Atualmente, a maior quilometragem de autonomia do mercado é a do caminhão elétrico da alemã Daimler, que faz 350 km com uma única carga. Além disso, com uma carga de apenas 30 minutos, o Tesla pode rodar até 650 quilômetros.
“O caminhão ainda oferece extremo conforto interno, total segurança e a capacidade de fazer de 0 a 100 quilômetros por hora em apenas 20 segundos”. (Elon Musk, presidente da Tesla)
Tal prodígio de desempenho, por enquanto, é inacessível para a indústria brasileira. O caminhão FL da Volvo é capaz de percorrer, no máximo, até 300 km com uma carga completa de 2 horas. Já o e-Delivery da Volkswagen tem uma autonomia de 100 km, obtida com uma carga completa de 4 horas.
Produção consorciada – De qualquer forma, a Volkswagen está inovando no que diz respeito à forma como produzirá o e-Delivery – que, diga-se de passagem, já tem alguns protótipos rodando pelo Brasil com a marca Ambev na carroceria, para efeito de testes.
O projeto, batizado de e-Consórcio – que faz parte do investimento de R$ 1,5 bilhão que a empresa está fazendo atualmente no Brasil – é baseado na parceria com diversas empresas. O conceito já é adotado na produção de caminhões e ônibus na fábrica de Resende, com fornecedores atuando diretamente na produção industrial.
Para os elétricos, a novidade é que os parceiros da Volkswagen atuarão também no pós-venda. Entre as parceiras da Volkswagen estão a Siemens, no fornecimento de carregadores elétricos, e a Moura, que vai auxiliar no manejo das baterias. Já a alemã Bosch e brasileira WEG serão responsáveis pelo conjunto elétrico. (Alberto Mawakdiye)
A Volkswagen já tem até data para as primeiras entregas do caminhão, que será produzido – em mais de uma versão – já a partir do ano que vem na fábrica da montadora em Resende (RJ): elas acontecerão no segundo semestre de 2020.
“O primeiro cliente será a cervejaria Ambev, que deverá adquirir 1.600 unidades. Mas várias empresas também já se mostraram interessadas”. (Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões do Brasil)
Elétrico sueco – Mas a Volkswagen não ficará sozinha por muito tempo na produção de caminhões elétricos. A Volvo, montadora sueca, também anunciou, na própria Fenatran, que avalia produzir um caminhão elétrico no Brasil. Deverá ser o modelo FL, e talvez também o FE, que começaram a ser vendidos este ano na Europa.
“O produto será o mesmo da Europa, mas com desenvolvimento local para atender particularidades do mercado brasileiro”. (Martin Lundstedt, presidente mundial do Grupo Volvo, que esteve na Fenatran)
É quase certo que outras montadoras de caminhões seguirão os mesmos passos na direção da propulsão elétrica. O mercado brasileiro de caminhões está em pleno processo de retomada de vendas. De janeiro a setembro deste ano, ele cresceu 40% diante de igual período de 2018, para 74,2 mil unidades.
E há espaço para crescer muito mais, no bojo da possível recuperação da economia a partir do ano que vem. A frota brasileira de caminhões envelheceu nos últimos anos, por falta de investimentos das empresas e de linhas de crédito mais atraentes, tanto para elas como para os milhões de motoristas autônomos do país.
A idade média da frota brasileira está hoje em 11,4 anos, a mais alta desde 2007. Mas as discussões entre governo, empresários e trabalhadores para mudar a situação – e que se arrastam faz um bom par de anos – deve finalmente deslanchar, e chegar a algum consenso que satisfaça a todos.
Afinal, será preciso que o setor de transportes também acompanhe o provável aumento da demanda por caminhões – de todos os portes e características operacionais, para os mais diferentes nichos – tanto dos agentes econômicos como das diversas áreas de infraestrutura, daqui para frente. Para a alegria das montadoras.
Concorrência – E um novo nicho que poderá se abrir no Brasil será o dos caminhões elétricos – como já vem acontecendo no resto do mundo. Obviamente, será um mercado que começará pequeno. Mas é certo que, por algum tempo ainda, Volkswagen e Volvo deverão trabalhar sem concorrência, que deverá ser limitada inclusive entre as duas.
De fato, os veículos da Volkswagen que serão produzidos em Resende serão do tipo leve, de até 13 toneladas. A versão FL da Volvo apenas encosta nesta categoria – tem capacidade para 16 t de carga – mas a versão FE já é semipesada, para até 27 toneladas. Os três caminhões prestam-se, por assim dizer, a usos diferentes.
A Volvo, sem dúvida, está diversificando mais o seu portfólio que a Volkswagen ao aderir aos caminhões elétricos do tipo leve a semipesado. A companhia sempre se restringiu no Brasil aos segmentos semipesado e pesado, nos quais a Volvo cresceu 55%, para 11,6 mil unidades, de janeiro a setembro de 2019. O Brasil é o seu segundo maior mercado depois dos EUA. Ali, ela vendeu 30 mil caminhões no mesmo período.
Nova geração – O início da produção de caminhões elétricos no Brasil não deixa de ser paradoxal em um aspecto: embora com uma frota de idade muito alta – o que pressupõe o emprego disseminado de tecnologias já obsoletas – o país já vai se enfileirar entre os mais avançados do mundo nos tipos de tecnologia empregada.
Os caminhões elétricos – caracterizados por seus motores alimentados apenas pela eletricidade fornecida por baterias – são, juntamente com os caminhões autônomos e semiautônomos (independentemente do modo de propulsão), o que há de mais moderno nesta modalidade de transporte.
Eles foram se impondo aos poucos, através dos modelos híbridos, que combinam eletricidade e combustão e são ainda os mais comuns, assim como no setor de ônibus. Mas as versões elétricas “puro sangue” de caminhões, contemporâneas dos celulares e notebooks, com suas baterias recarregáveis, já começam a se multiplicar nas ruas e estradas de várias partes do planeta.
Assim como os carros, bem mais disseminados, os caminhões elétricos saem das fábricas acompanhados de uma estação de carregamento, que basta conectar a uma tomada e o veículo é carregado. E a cada novo modelo a autonomia deles é maior.
É um caminhão que traz inúmeras vantagens, além da economia com combustível e os danos ambientais quase nulos. Como se trata de um veículo em que o motor não é a combustão, ou seja, não promove explosões, os caminhões elétricos, assim como os carros, são absolutamente silenciosos.
Competição acirrada – Na Europa, Estados Unidos e Japão, a luta das montadoras pelo mercado de caminhões elétricos já está até ficando acirrada, por conta do maior desenvolvimento econômico e tecnológico dos países e regiões envolvidos.
A montadora americana Tesla, que vem desenvolvendo faz algum tempo veículos elétricos e autônomos, apresentou, por exemplo, um novo caminhão elétrico, o Tesla Semi, que está dando o que falar no mercado do segmento.
O modelo tem uma autonomia de nada menos do que 800 quilômetros. Atualmente, a maior quilometragem de autonomia do mercado é a do caminhão elétrico da alemã Daimler, que faz 350 km com uma única carga. Além disso, com uma carga de apenas 30 minutos, o Tesla pode rodar até 650 quilômetros.
“O caminhão ainda oferece extremo conforto interno, total segurança e a capacidade de fazer de 0 a 100 quilômetros por hora em apenas 20 segundos”. (Elon Musk, presidente da Tesla)
Tal prodígio de desempenho, por enquanto, é inacessível para a indústria brasileira. O caminhão FL da Volvo é capaz de percorrer, no máximo, até 300 km com uma carga completa de 2 horas. Já o e-Delivery da Volkswagen tem uma autonomia de 100 km, obtida com uma carga completa de 4 horas.
Produção consorciada – De qualquer forma, a Volkswagen está inovando no que diz respeito à forma como produzirá o e-Delivery – que, diga-se de passagem, já tem alguns protótipos rodando pelo Brasil com a marca Ambev na carroceria, para efeito de testes.
O projeto, batizado de e-Consórcio – que faz parte do investimento de R$ 1,5 bilhão que a empresa está fazendo atualmente no Brasil – é baseado na parceria com diversas empresas. O conceito já é adotado na produção de caminhões e ônibus na fábrica de Resende, com fornecedores atuando diretamente na produção industrial.
Para os elétricos, a novidade é que os parceiros da Volkswagen atuarão também no pós-venda. Entre as parceiras da Volkswagen estão a Siemens, no fornecimento de carregadores elétricos, e a Moura, que vai auxiliar no manejo das baterias. Já a alemã Bosch e brasileira WEG serão responsáveis pelo conjunto elétrico. (Alberto Mawakdiye)
Publicado por: Ipesi Digital. Data: 27/10/2019.